
Viver é participar, afirmavas… se a participação for conduzida pelo olhar atento… atento aos sinais do tempo… ás expressões… aos rostos… ás manifestações… aos pormenores… que revelam inúmeras confissões involuntárias… Gestos simples… olhares brilhantes e estáticos… sorrisos discretos mas reveladores… toques inocentes…. desejos… sonhos… e vontades… algumas proibidas… Raros momentos de brilho… onde as palavras são substituídas na tradução dos sinais… perante a eficiência do olhar… Dizias-me também… que nunca o olhar te traiu… apesar da traição ser uma dádiva da felicidade… fazias-me compreender que sem a traição… sem o mal… talvez o bem não existisse… ou fosse tão valorizado… afinal… há momentos em que a existência das coisas más… enaltecem todas as coisas boas… talvez eu não tenha percebido a base da tua lição… talvez… tenha estado demasiado atento... preso… ás tuas palavras… talvez… seja ainda a criança que sempre desejaste que eu fosse… e não tenha ainda aprendido a olhar… como tu… pai... sempre me ensinaste a fazer… olhar o mundo… para a frente… sem o medo do mal… porque é ele… dizes tu… que mais nos ensina… e nos fortalece… e faz crescer… Viver é participar… se a participação for conduzida pelo olhar atento… atento aos sinais do tempo… ás expressões… aos rostos… ás manifestações… aos pormenores…