Cedo ao tempo… um tempo ultrapassado… E lá atrás… longe… na terra do acontecimento… (re)encontro o ultimo instante… onde o tempo correu e parou… onde o frio… não foi o suficiente para arrepiar, o calor que transportávamos na alma… O silêncio regressou… preenche o vazio. Agora… longe desse tempo… estou Só… na imensa companhia da solidão… liberto a ultima lágrima… no mar da Saudade… (re)começo a sentir… ao longe… o som do piano… naquela noite fria… naquela rua deserta… onde habitámos… a Vida… dos nossos sonhos… que afinal o tempo nunca viveu… projectou somente… sob a luz da lua… um olhar… sobre a imagem da felicidade…
05 outubro 2008
21 junho 2008
Pessoas como Nós II...
Vidas pesadas… solitárias no sentimento partilhado… com historia… muitas estórias… entre sonhos perdidos no tempo... achados por entre os desejos escondidos… nos sons da cidade… na torbulência dos passos egoistas e desatentos… no desalento de um olhar distante… que se aproxima... mas não vê… São Vidas que Sentem… que sentiram quase sempre… a calçada… temperada pela estação… que aquece… que arrefece... os corpos que se sustentam pela alma… que aquece…. que arrefece… o coração solitário da partilha humana… mas submerso em desejo… em vontades… em solidariedade… São vidas quase sempre simples… com sonhos e desejos infinitos… Sonhos lentos e resistentes… São pessoas... como todos nós… as pessoas de quem falo… com quem não falamos… mas de quem falamos em apelo… todos os dias… Vidas pesadas… solitárias no sentimento partilhado… com historia… muitas estórias… entre sonhos perdidos no tempo...
09 fevereiro 2008
Palavras Vazias...
Decorre o tempo… e o presente converte-se… é passado… arquivam-se palavras, algumas vazias, arquivam-se sentimentos, confissões do tempo… revelações do corpo… libertam-se as almas… ainda no luto da saudade… É tempo… é passado… é acontecimento reciclado em memoria… mais caminho… mais pedaços do futuro… mais resistente, embalado pela crença… pelo som da velha guitarra. Chamam-me as estrelas… no alto do monte alentejano… onde o sonho… é ainda esperança… é ainda realidade… o tempo acontece… o presente converte-se… é caminho passado… é futuro… até que cesse…
17 outubro 2007
Mu(n)do...
Lá fora, o mundo persiste em acontecer… sou nada… quase ninguém… sou um peso de corpo… sem alma nem pensamento… sou resto de tempo… que ainda não passou… mas que não tardará… sou certeza no fim… num tempo incerto… sou mais um… um, entre tantos outros como eu… outros, que me transformam em nada… sou tudo isto… tão pouco… quase nada… na realidade… mesmo Nada. Aqui dentro… num outro mundo… mundo livre… da prisão do tempo… e dos juízos… sou rei e Cristo… sou alma e paixão… sou sonho e desejo… sou Liberdade… sou Eu… aqui dentro… escondido… num mundo, que lá fora… persiste em acontecer…
10 outubro 2007
Monte Alentejano...
Reabro os olhos… foco o olhar… eis que surge o imenso monte alentejano… e com ele, o desafio… o medo da sua imensidão… da perda… limito-me à orientação dos sentidos… e sob o comando do olhar, sigo a lua que me devolve a imaginação… sinto a brisa que me acompanha num rumo ainda desconhecido… vagueio por um caminho… um caminho qualquer… vou fantasiando o som harmonioso de uma guitarra que me embala ate ao regresso… de um sentimento que nunca partiu… que na verdade, nunca senti… desejei-o unicamente… para mim, ou à semelhança de Pirandello, “para um Eu, entre os cem mil que sou”… Fecho os olhos… para que ao reabri-los esteja novamente, num outro lugar qualquer… um novo palco… iluminado sob o testemunho da Lua… onde, uma vez mais, me revelarei diante de Vós.
28 agosto 2007
Viver... é participar... afirmavas...
Viver é participar, afirmavas… se a participação for conduzida pelo olhar atento… atento aos sinais do tempo… ás expressões… aos rostos… ás manifestações… aos pormenores… que revelam inúmeras confissões involuntárias… Gestos simples… olhares brilhantes e estáticos… sorrisos discretos mas reveladores… toques inocentes…. desejos… sonhos… e vontades… algumas proibidas… Raros momentos de brilho… onde as palavras são substituídas na tradução dos sinais… perante a eficiência do olhar… Dizias-me também… que nunca o olhar te traiu… apesar da traição ser uma dádiva da felicidade… fazias-me compreender que sem a traição… sem o mal… talvez o bem não existisse… ou fosse tão valorizado… afinal… há momentos em que a existência das coisas más… enaltecem todas as coisas boas… talvez eu não tenha percebido a base da tua lição… talvez… tenha estado demasiado atento... preso… ás tuas palavras… talvez… seja ainda a criança que sempre desejaste que eu fosse… e não tenha ainda aprendido a olhar… como tu… pai... sempre me ensinaste a fazer… olhar o mundo… para a frente… sem o medo do mal… porque é ele… dizes tu… que mais nos ensina… e nos fortalece… e faz crescer… Viver é participar… se a participação for conduzida pelo olhar atento… atento aos sinais do tempo… ás expressões… aos rostos… ás manifestações… aos pormenores…
20 agosto 2007
"És Feliz?..."
“És feliz?”… a pergunta surpreendeu-me… momentaneamente… o silêncio dominou-me… a mim e ao tempo… mas a minha expressão… permaneceu astuciosamente imperturbável… aparentemente a pergunta era simples… corriqueira… de resposta fácil e imediata… Mas afinal, o que é ser-se feliz, quando desejamos carregar o carácter da honestidade na resposta? Talvez por isso… tenha recordado todos os meus momentos… todos… voltei a sentir o cheiro da canela… a sentir o aperto da saudade… o correr da lágrima na despedida… o som da música que marcou a nossa primeira noite de amor… voltei a sentir o frio… no jardim… cheio de folhas caídas… revelando as marcas do Outono… a marca da saudade… onde vagueámos de mãos dadas… esquentando a alma mais do que os corpos… que se configuravam num só… cada vez que o nosso olhar se cruzava… sem resistir aos pedidos silenciosos… do amor... “És feliz?”… a minha resposta surpreendeu-me… momentaneamente… o silêncio quebrou-se… a minha expressão foi inequívoca… “Sim… Sou Feliz…”.
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