27 junho 2006

Aplausos...

Nunca dei importância a coisa nenhuma… as vitórias… os troféus… os sucessos consecutivos… alimentaram-me sempre… permitiram-me acreditar… que tinha tudo… todos… permitiram-me acreditar… na miserável independência… fizeram-me esquecer… tudo… todos… a própria Existência… as dificuldades… o valor do Sentimento… Criaram em mim… a fugaz necessidade da competição… tantas vezes sem adversário… tantas vez em lutas desiguais… Obcecado num final… que agora acredito… determinar… o meu próprio fim… Dependo do triunfo… para me alimentar… dos aplausos nos momentos das vitorias… que me mantêm Vivo… porque eu… porque a minha vida… depende do reconhecimento de todos… que agora… em tempo de derrota… se silenciam… discretamente… se ausentam… por momentos indefinidos… sem justificação… possivelmente… ate ao regresso da gloria… do triunfo… Hoje… reencontro-me… no desencontro com o caminho triunfal… derrotado por mim mesmo… reconheço na derrota… o encontro… do meu maior sucesso… as grandes lições… preciso de todos… e não tenho ninguém… nem mesmo uma expressão simples… que me possibilite a devolução de um sorriso à vida… sem a necessidade… de maquilhar as fragilidades… do ténue choro… de quem está Só…

24 junho 2006

Monólogos...

Nos meus monólogos… quase esquizofrénicos… no escuro do quarto… sem sons… nem luzes… apenas eu… embriagado… protegido de tudo... o que posso Ser… Sou… tudo… o que nunca fui… e não conheço em mim… questiono os limites da honestidade… a expressão e o valor da verdade… recordo a minha avó Mimi… sempre velha… conselheira… pautada pelo ritmo lento… de quem acredita na morte… mas não a espera… não a deseja… recordo os conselhos de um Pai… que partiu… sem que nunca tenha faltado… sem que nunca me tenha abandonado… o meu Pai… a minha avó… fecho os olhos… levanto a cabeça… na direcção do céu… marco um encontro… reencontro um canto… os encantos e a vontade de viver… ali estamos nós… conversamos… no nosso espaço… intimo… na minha esquizofrenia… nos meus monólogos… sem sons… nem luzes… no escuro do quarto…

11 junho 2006

Barrigadas perfumadas

E quando formos barrigudos? Diga-se de estômago e de vida. Quando estivermos fartos das comezainas que a vida, essa madrasta, nos vai oferecendo. Aquelas intoxicações de fim-de-semana onde notamos que tudo à nossa volta mudou. Os cognomes mantiveram-se mas os hábitos e os pratos mais típicos fizeram das suas, pois provocaram diversos transtornos que não se ultrapassam facilmente com sais de fruto. É chá, meus caros, a cura para as nossas maleitas e barrigadas. Para tanto enfartamento só umas boas semanas de dieta podem disfarçar o perfume forte do caril materialista das nossas prazenteiras vidas. É caso para pensar, muita braguilha e nenhuma partilha.