27 julho 2006

Sorriso...

A facilidade com que ris… sem que o sorriso… traduza a manifestação da felicidade... tantas vezes instantanea… na ternura do teu olhar… na tua expressão… a denuncia… a tua verdade… a minha certeza… num rosto… que não engana… tenta esconder somente… por detras de uma lágrima solitária… que cai inocente… por um caminho qualquer… incerto… mas… que não temes… Caída a lágrima… reposto o teu rosto… continuas com os passos… num ritmo… que é o teu… até aquela rua… onde está ainda hoje… a velha loja de café… que dizes transportar-te ao passado… apenas com o aroma intenso do café torrado… um cheiro caracteristico… sempre presente… nos nossos passeios… a pé pela baixa… no final da tarde… onde recordo tambem… o tipo que tocava… um instrumento… que ainda hoje desconheço… ao qual nunca dei atenção… a mesma… que faltou contigo… a mesma falta de atenção… que não me permitiu ver… nem sentir… a facilidade com que ris… sem que o teu sorriso… traduza a manifestação da felicidade… hoje… para mim… traduz-me… a recordação… traduz a saudade…

14 julho 2006

Crónica de um Lobo aspirante a Porco

Há de facto aqueles leitões que não o sendo nunca chegam a ser tão porcos, quanto alguns aspirantes a lobos que actuam em alcateia. A mordedura é colectiva e desprovida de coragem para levar um murro no focinho, um a um. As palavras têm a força que desejarmos imprimir à nossa profundidade de espírito. O verdadeiro lobo, aspirante eterno a porco, actua sozinho, sem morder nas costas do “amigo”, e mesmo com o peito aberto a sangrar de injustiças e ataduras propositadas, segue o seu trilho sem olhar à escumalha que o cospe, mas não o humilha. Na verdade, os verdadeiros porcos são humilháveis por tamanhas pequenezas, ao passo que os lobos olham de frente e, se não tiverem fome, não atacam, ignoram pura e simplesmente, e arrepiam caminho rumo à sua realização plena.

01 julho 2006

Ser Português

É ser artista na terra, olhar para o céu e agradecer o dom de sofrer até ao fim. Ser como somos apenas envergonha quem não tem capacidade para se afirmar, diariamente, de forma diferente, mesmo que isso implique incompreensão e até uma certa perseguição. Ser Português é ter coração de pobre e sorriso de Rei ou de Rainha. Vamos, certamente, continuar a sorrir no nosso trono coberto de pastéis de bacalhau e adocicado com pastéis de nata.