Ontem foi dia de os linces subirem ao monte para rezarem junto de quem nunca esquecem. Depois de ter almoçado com mais quatro linces, até soube bem olhar a Cova da Beira do alto do sossego, onde os seus habitantes nada dão apenas recebem. Sabe tão bem dar, em especial, a quem já só pode receber, mas tanto me deu e me continuará a dar com o seu exemplo sofrido de vida.
02 novembro 2006
Dia de todos os linces
Ontem foi dia de os linces subirem ao monte para rezarem junto de quem nunca esquecem. Depois de ter almoçado com mais quatro linces, até soube bem olhar a Cova da Beira do alto do sossego, onde os seus habitantes nada dão apenas recebem. Sabe tão bem dar, em especial, a quem já só pode receber, mas tanto me deu e me continuará a dar com o seu exemplo sofrido de vida.
21 outubro 2006
Pneuma
O espírito do bem, essa força imaterial que desce tantas vezes sobre seres humanos insignificantes, como nós, é cada vez mais abocanhando pelo anti-pneuma do mal, da vaidade bacoca e sobretudo do ser nada, mas tudo querer parecer. Resta-nos resistir às investidas do anti-pneuma interessado em fazer do bem, o mal, e também em tornar o sábio, o mais ignorante dos aprendizes à face da terra. Benditos sejam os aprendizes. Ámen.
01 outubro 2006
De costas voltadas
De costas voltadas para o porto de chegada ou de partida. Depende da perspectiva de vida que nos faz sentar e olhar, serenamente, para o movimento das águas que agitam a nossa vivência íntima. Atitude que é espelho de uma vontade própria de perceber a rota dos barcos que navegam de acordo com escalas determinadas num porto bem perto de nós, onde as chegadas e as partidas da vida estão de costas voltadas... para o que der e vier.
14 setembro 2006
As es(his)tórias dessa Ponte Velha
Se essa ponte falasse dos sonhos, das vozes, dos murmúrios, dos negócios, dos mercadores que paravam nela para repousar e vender os seus tesouros, muito teria para contar. De certo estórias de encantar ou de abominar, a sorte é que a água corre insurrecta, sem disciplina exógena. A água lava e transforma as estórias mais tristes e humanas que os séculos vão gravando nas margens do rio, em especial, nas épocas de cheias que tudo arrasam, para mais tarde serenarem os ânimos dos mais ansiosos actores das histórias dessa Ponte Velha.
05 setembro 2006
Solstício(s) de Verão
Eis que entrei na toada das noites mais curtas deste Verão envolto numa onda inesperada de reconhecimento vinda daqueles que muito respeito, os estudantes que comigo trabalham. A sua força, as suas mensagens de agradecimento, os seus votos de felicidades para esta nova etapa da vida, todos comportam uma fonte de novo alento para um rápido recomeço que se revela decisivo e, simultaneamente, distinto dos anteriores. Não sou o mesmo, escrevo em vez de falar, escuto ao invés de ripostar e tenho tempo… muito tempo… para aprender com os restantes, aqueles que posso escolher para trazer junto ao coração, e também aqueles que, não obstante, não poder escolher, posso tolerar dentro dos limites da afectos que as noites curtas de verão nos ajudam a compreender, em especial, os amores efémeros.
23 agosto 2006
Longe do Céu
Numa das minhas recentes incursões por terras bávaras percebi melhor o significado das palavras: longe do céu. De facto, estar longe do céu, implica na maior parte das vezes, expormo-nos a provações, tais como, palmilhar caminhos desconhecidos, gerar novas amizades, ouvir línguas estranhas e aprender a respeitar culturas e sentires diferentes. No regresso a mudança é fundamental, porque conhecemos outra parte de nós próprios, por vezes adormecida, ou somente, assediada por desilusões pontuais. Longe do céu, mas próximo dos que, verdadeiramente, nos amam e, sobretudo, nos respeitam como pessoas que somos. Nunca irei esquecer a expressão das lágrimas contidas nos olhos do meu “mouro” amigo, ao conhecer o meu filho João Martim. Era Amor sincero e desinteressado, longe do céu, mas no seio da nossa Amizade, construída por gestos irreparáveis e por desculpas mudas que se tornam desnecessárias quando a Amizade perdura, mesmo longe do Céu.
20 agosto 2006
Coisas Simples...
Podia ter sido tudo tão diferente… bastavam para isso… coisas simples… o Sentir… o aroma de um beijo… a força de um abraço… a tristeza… a alegria… de um olhar… a força das expressões… o prazer das nossas conversas… durante mais uma noite… que passava… sem darmos conta… que se tornava cada vez mais curta… cada vez mais… uma necessidade… a vontade de passear… de mãos dadas… perseguidos pela lua… testemunha… e confidente… das nossas revelações… do nosso primeiro beijo… Agora… protegidos… de todas essas coisas simples… recordo o meu pai… a conversa começava sempre do mesmo modo… dizia serenamente… com o seu cigarro tranquilizante entre os dedos… já marcados pelo vicio… filho… não temas nunca o fim… um final… é quase sempre um prenuncio… de um principio… pode ser tudo tão diferente… bastam para isso… coisas simples…
13 agosto 2006
Para o Martim...
27 julho 2006
Sorriso...
A facilidade com que ris… sem que o sorriso… traduza a manifestação da felicidade... tantas vezes instantanea… na ternura do teu olhar… na tua expressão… a denuncia… a tua verdade… a minha certeza… num rosto… que não engana… tenta esconder somente… por detras de uma lágrima solitária… que cai inocente… por um caminho qualquer… incerto… mas… que não temes… Caída a lágrima… reposto o teu rosto… continuas com os passos… num ritmo… que é o teu… até aquela rua… onde está ainda hoje… a velha loja de café… que dizes transportar-te ao passado… apenas com o aroma intenso do café torrado… um cheiro caracteristico… sempre presente… nos nossos passeios… a pé pela baixa… no final da tarde… onde recordo tambem… o tipo que tocava… um instrumento… que ainda hoje desconheço… ao qual nunca dei atenção… a mesma… que faltou contigo… a mesma falta de atenção… que não me permitiu ver… nem sentir… a facilidade com que ris… sem que o teu sorriso… traduza a manifestação da felicidade… hoje… para mim… traduz-me… a recordação… traduz a saudade…14 julho 2006
Crónica de um Lobo aspirante a Porco
Há de facto aqueles leitões que não o sendo nunca chegam a ser tão porcos, quanto alguns aspirantes a lobos que actuam em alcateia. A mordedura é colectiva e desprovida de coragem para levar um murro no focinho, um a um. As palavras têm a força que desejarmos imprimir à nossa profundidade de espírito. O verdadeiro lobo, aspirante eterno a porco, actua sozinho, sem morder nas costas do “amigo”, e mesmo com o peito aberto a sangrar de injustiças e ataduras propositadas, segue o seu trilho sem olhar à escumalha que o cospe, mas não o humilha. Na verdade, os verdadeiros porcos são humilháveis por tamanhas pequenezas, ao passo que os lobos olham de frente e, se não tiverem fome, não atacam, ignoram pura e simplesmente, e arrepiam caminho rumo à sua realização plena.
01 julho 2006
Ser Português
É ser artista na terra, olhar para o céu e agradecer o dom de sofrer até ao fim. Ser como somos apenas envergonha quem não tem capacidade para se afirmar, diariamente, de forma diferente, mesmo que isso implique incompreensão e até uma certa perseguição. Ser Português é ter coração de pobre e sorriso de Rei ou de Rainha. Vamos, certamente, continuar a sorrir no nosso trono coberto de pastéis de bacalhau e adocicado com pastéis de nata.
27 junho 2006
Aplausos...
Nunca dei importância a coisa nenhuma… as vitórias… os troféus… os sucessos consecutivos… alimentaram-me sempre… permitiram-me acreditar… que tinha tudo… todos… permitiram-me acreditar… na miserável independência… fizeram-me esquecer… tudo… todos… a própria Existência… as dificuldades… o valor do Sentimento… Criaram em mim… a fugaz necessidade da competição… tantas vezes sem adversário… tantas vez em lutas desiguais… Obcecado num final… que agora acredito… determinar… o meu próprio fim… Dependo do triunfo… para me alimentar… dos aplausos nos momentos das vitorias… que me mantêm Vivo… porque eu… porque a minha vida… depende do reconhecimento de todos… que agora… em tempo de derrota… se silenciam… discretamente… se ausentam… por momentos indefinidos… sem justificação… possivelmente… ate ao regresso da gloria… do triunfo… Hoje… reencontro-me… no desencontro com o caminho triunfal… derrotado por mim mesmo… reconheço na derrota… o encontro… do meu maior sucesso… as grandes lições… preciso de todos… e não tenho ninguém… nem mesmo uma expressão simples… que me possibilite a devolução de um sorriso à vida… sem a necessidade… de maquilhar as fragilidades… do ténue choro… de quem está Só…
24 junho 2006
Monólogos...
Nos meus monólogos… quase esquizofrénicos… no escuro do quarto… sem sons… nem luzes… apenas eu… embriagado… protegido de tudo... o que posso Ser… Sou… tudo… o que nunca fui… e não conheço em mim… questiono os limites da honestidade… a expressão e o valor da verdade… recordo a minha avó Mimi… sempre velha… conselheira… pautada pelo ritmo lento… de quem acredita na morte… mas não a espera… não a deseja… recordo os conselhos de um Pai… que partiu… sem que nunca tenha faltado… sem que nunca me tenha abandonado… o meu Pai… a minha avó… fecho os olhos… levanto a cabeça… na direcção do céu… marco um encontro… reencontro um canto… os encantos e a vontade de viver… ali estamos nós… conversamos… no nosso espaço… intimo… na minha esquizofrenia… nos meus monólogos… sem sons… nem luzes… no escuro do quarto…11 junho 2006
Barrigadas perfumadas
E quando formos barrigudos? Diga-se de estômago e de vida. Quando estivermos fartos das comezainas que a vida, essa madrasta, nos vai oferecendo. Aquelas intoxicações de fim-de-semana onde notamos que tudo à nossa volta mudou. Os cognomes mantiveram-se mas os hábitos e os pratos mais típicos fizeram das suas, pois provocaram diversos transtornos que não se ultrapassam facilmente com sais de fruto. É chá, meus caros, a cura para as nossas maleitas e barrigadas. Para tanto enfartamento só umas boas semanas de dieta podem disfarçar o perfume forte do caril materialista das nossas prazenteiras vidas. É caso para pensar, muita braguilha e nenhuma partilha.
30 maio 2006
Poeta de rua
O poeta da minha rua chamava-se Elias, vestia de linho preto tingido na Ponte do Rato e balouçava ao vento o cachimbo por entre as apostas jogadas nas arcadas do Pelourinho. Tempos idos de riqueza gasta em mulheres fáceis e em jogo no clube de empresários.
A pose manteve-se até ao dia em que também os operários começaram a subir ao Pelourinho, todos os sábados, para as compras na Praça, usando as suas viaturas compradas por empréstimo. Aí o verniz estalou, o proletariado ultrapassou o mestre, pois apesar de não calçar um sapato de verniz, nem tão pouco vestir um fato de linho acabado de passar, já galgava os paralelos, em veículos elegantemente calçados.
A diferença entre o ser e o parecer tornou-se ténue e apagou da memória a figura ilustre do poeta Elias que, em silêncio, continua a cantarolar as árias dos tempos idos sobre as memórias inapagáveis da burguesia falida da cidade lã.
29 maio 2006
Putos...
Os putos que vi correr… com roupas simples… alguns, apenas com calções… com a cor gasta pelo tempo… contrastando com a pele escura dos corpos… outros… descalços… com os pés sujos… pisando a terra… com as suas brincadeiras… apagando as marcas… das rodas… da velha… e barulhenta camioneta… que circula ocasionalmente… naquele trajecto… buzinando insistentemente… para que se afastem… daquele caminho… que também é deles… Eles correm… sem ordem… mas com destino… são putos… são crianças… correm e acreditam… reencontro essa crença… na expressão… no olhar… no sorriso… que carregam… com o peso da espontaneidade… durante mais uma corrida… Eles querem alcançar aquela camioneta… hoje… amanha... um dia qualquer… um dia que chegará… É a velha camioneta… que transporta os sonhos… que lhes devolve a crença… que as distancias… são curtas… e que os sonhos… mesmo os melhores… podem tornar-se realidade… Foram estes os putos que vi correr… com roupas simples… alguns, apenas com calções… com a cor gasta pelo tempo… contrastando com a pele escura dos corpos… outros… descalços… com os pés sujos… pisando a terra… com as suas brincadeiras…
25 maio 2006
Umbigo da vizinha
O egocentrismo de algumas crianças, grandes e pequenas, tem dado lugar, progressivamente, a um confortável glamour alimentado pela admiração do umbigo da vizinha. A criatura vizinha é sempre pior do que eu e tem todos os defeitos, inclusive, os próprios e os da vizinha. Tudo isto encerra um desejo edificado de ser mais apetecível do que a vizinha. Todavia, sobra coragem e falta imaginação, para ir além do umbigo e encarar a vizinha, não como um auto-retrato directo, dado o altruísmo e o ângulo de visão requerido por este medonho exercício, mas sim como uma simples criança inacabada. É tempo de jogar a macaca e com isto perfazer um exercício íntimo de auto-conhecimento para depois, só depois, estender as duas mãos e escalar, com firmeza, o umbigo da vizinha que tanto nos admira.
23 maio 2006
Tempo...

19 maio 2006
Sandwich da vida
A vida quotidiana assenta em várias camadas. A inexperiência, a falta de confiança, o primeiro amigo, o primeiro namoro, os primeiros pontapés, enfim as primeiras camadas. Depois recriamos a natureza fácil das sandes rápidas, mais conhecidas por sandwiches, com vários molhos e combinações de novas sensações experimentadas na doçura e na agrura dos momentos efémeros vividos a dois. Mas as sandwiches da vida não são fruto de receitas acabadas, pois carecem de muita experimentação e de refinamento das camadas e dos seus verdadeiros ingredientes, a saber: amor (qb), crer (qb), confiança (na medida certa) e maturidade… muita maturidade, que é o que nos falta, até ao tal dia, em que iniciaremos outra viagem a bordo de uma nuvem perdida em busca da incerta e gostosa sandwich da vida.
17 maio 2006
Reinventar Historias...
15 maio 2006
Branco e Preto
Há animais que conseguem, felizmente, visionar o mundo a duas cores, ou seja, a branco e a preto. São duas tonalidades, o branco e o preto, que se podem combinar e gerar amigos. Mas separadas por idades, religiões, valores e credos, sendo fiéis aos valores da amizade e da fraternidade. Aos olhos de alguns seres, o que torna incompreensível a relação de amizade é a diferença de idades e, sobretudo, os ambientes sociais coloridos que dizem respeito ao branco e preto. Espirram para dentro, que mundo trocado em que vivemos, o branco veio de baixo, rangeu os dentes e empurrou para cima. De dentro para fora, vindo do seu interior mais íntimo, marcado pela infância feliz de ser filho de operários. O preto teve uma educação acompanhada por pais criteriosos, interessados e acima de tudo humanos. Aliás característica que não abunda nos dias que correm. Enfim eis que o branco e preto decidiram fundir-se numa amizade indestrutível, apesar das diferenças e da reprovação social que não compreende que para dois seres humanos serem, verdadeiramente, amigos, basta aprender… todos os dias… a escutar o outro, mesmo que esteja bem longe dos nossos olhos e, independentemente, das idades e das tonalidades combinadas.
14 maio 2006
Passos Perdidos...

Como tantas pessoas… que se encontram… e desencontram… escolhemos caminhos diferentes… optei pela serenidade das serras… pelo verde dos campos… a minha fronteira… para o encontro com a paz… e a realização dos sonhos que esboço… tu… na firme posse da racionalidade… do método… aplicado a qualquer banalidade… preferes a confusão da cidade… a turbulência das praias… nos dias de verão… a agitação dos passos perdidos… das pessoas que encontras… reencontras… e perdes… nas ruas e nas avenidas… caminhando de um lado, para o outro… ou simplesmente… movimentando-se… numa tentativa… entre tantas outras… para abandonar… a alma asfixiada… presa a um corpo insignificante… mas… para ti… importante. Como tantas pessoas… que se encontram… e desencontram… escolhemos caminhos diferentes… cruzámo-nos… e num invulgar momento… de alivio da alma… descobrimos em cada um de nós… a tranquilidade do desassossego do Amor… vivemo-lo no tempo… e na memória… com a importância que atribuímos a cada detalhe… Despreocupados com o tempo… reencontramos os passos… seguimos os nossos caminhos… que se encontram… que se desencontram… mantendo o desejo que se cruzem novamente…
11 maio 2006
Ciclo...

Sentado sob as pedras da montanha… num espaço em que estou só… dou vida aos sonhos… repouso a realidade… elimino os medos… observo e sinto… os elementos da natureza… as cores… os aromas… os movimentos… os significados… as historias que têm escondidos… ou que apenas… não vejo… e penso não existirem… como eu… que existo… mas que nada revelo de mim… entre as inúmeras historias… que conto… nos meus contos… nos nossos diálogos… com precaução… sem nunca revelar… os meus segredos… sem nunca revelar… a minha historia… deixará de o ser… quando o fizer… Descubro o verde dos campos… o porquê do céu azul… o amarelo das mimosas… que balançam com a brisa quente que o verão nos faz sentir… e ate o aspecto alaranjado do sol… quando inicia o ciclo do seu fim… diante da montanha onde estou sentado… Aproprio-me da força dos elementos… da capacidade da natureza… prevenida para o inicio… mas também… para um fim… ao contrario de mim… de quase todos nós… crentes… ou não crentes… mas desejosos… da posse de uma vida eterna… com fama… e com a gloria… de quem é resistente e é capaz… de sobreviver à luta nos combates… contra a força dos elementos… da natureza…
08 maio 2006
Lágrima furtiva
A certeza de que me sentes ainda hoje faz com que escreva sobre a força dos teus actos. A tua alma dita, diariamente, a maior mensagem de humildade e de trabalho que sempre me transmitiste no teu exemplo de vida. A renúncia ao luxo e ao supérfluo pelo meu crescimento como ser humano fez com que seja reservado e perseverante.
A minha educação fez-se com muitos gestos e poucas palavras. Um olhar de desaprovação valeu por mil açoites… foi assim que me abanaste e me fizeste acreditar no que sou… um filho saudoso, mas educado para acreditar que viver é também recomeçar… todos os dias, com fé, e acreditar que amanhã serei melhor como Homem.
Para ti Mãe, flores e uma lágrima furtiva…
01 maio 2006
Beijar de Fé
Na tua bondade,
No teu beijar,
27 abril 2006
Lições...
Falámos sempre sobre tudo… bem, na verdade… sobre quase tudo… mesmo sobre coisas sem importância nenhuma… como a nossa ultima conversa… a minha adolescência… dificultava a abordagem de alguns temas contigo… preferia discuti-los com os meus amigos… afinal tinham todos aproximadamente a minha idade… no entanto… tu… persistente… sem embaraço… e determinado… com vontade de ensinar… e compromisso… enchias os pulmões com ar… e falavas… falavas comigo… falavas para mim… sobre tudo… bem, na verdade… sobre quase tudo… eu… apesar do meu silencio… escutava-te… escutava-te com toda a atenção… a mesma atenção que me permitiu entender a mais dura das lições… sem palavras… sem dialogo… já sem o som da tua voz… Só… com um adeus imprevisto… numa despedida individual… e solitária… num acto que se resume… à tua partida… Deixaste preenchido o espaço da ausência… e agora… na companhia da solidão… mesmo quando guardado pela mais vasta multidão… compreendo… a intensa lição… a tua explicação concreta… da Saudade…25 abril 2006
Chama da amizade
Para alguns seres errantes, a amizade é sinónimo de cobrança interessada, cuja galopada não pára de cessar. A principal desilusão surge quando a máscara de bondade desinteressada cai, para dar lugar à entrada em cena de uma personagem vil, interesseira e vampírica, a qual sangra os amigos para continuar a viver de forma acomodada.
O verdadeiro amigo questiona e está presente quando mais necessitas, não te explora, nem sequer te faz propostas que desvendam a personalidade assente na subjugação por teia de interesses.
A verdadeira amizade constrói-se e perdura, sempre que há uma interlocução, aberta, sincera e, sobretudo, directa. Os verdadeiros amigos não se utilizam uns aos outros, desculpam-se pelas falhas e omissões, batem forte quando é necessário, mas também nos fazem crescer como simples homens e mulheres, que, realmente, somos.
Nos dias que correm, é tão bom ter pelo menos um amigo! Preservá-lo é que é cada vez mais difícil, tal é o tamanho da teia de interesses e das invejas que sopram sobre a chama da amizade.
24 abril 2006
(in)felicidade...
21 abril 2006
Seiva das árvores
Desde petiz que as árvores, essas criaturas que vagueiam por entre as ruas mais esburacadas da nossa odisseia urbana, me intrigam. De que seiva será feita a criatura que, germina, a cada primavera de vida? A seiva que faz rebentar em cada primavera, o melhor fruto interior que há em nós, na consciência de plena renovação. A lição mais singela é fazer rebentar, todos os dias, os melhores pensamentos e dar ao próximo o melhor que temos, mesmo que para isso seja necessário… um dia… morrer de pé… como as árvores, essas criaturas que fazem sombra nos recônditos jardins por nós ajardinados, todos os dias.
20 abril 2006
Sinais...
19 abril 2006
Primeiro'Adeus
14 abril 2006
Reflexos...
Com um olhar distante… mas atento… alcançamos a lua… ela devolvia-nos a tranquilidade… a proximidade... perdida na terra… inventada no espaço… no mesmo espaço, onde decidimos criar uma estrela… uma estrela pequenina… mas brilhante… só nossa… e nela habitar… longe de tudo… de todos… dos olhares… do movimento… da competição… dos medos… Aquela estrela… pequena… mas a mais brilhante… era afinal o reflexo do amor… o nosso ponto comum… de um lado eu… adiantado na hora e na ânsia… esperando a tua chegada… do outro… tu… caminhando até mim…12 abril 2006
Contos...
08 abril 2006
Desfeita a ordem…
Desfeita a ordem… pelos nossos movimentos… na confusão dos lençóis… ainda com o perfume do teu corpo… agora ausente… presente, na memoria… gozo os instantes de felicidade… curtos… solitários... egoístas… reconquisto a força… para a companhia da solidão… E distante de tudo… sem dor nem pudor… apareces… desapareces… reapareces… indiferente… como quem não sente… como se também eu não sentisse… E indiferente ao sentimento… ensaio… o esquecimento… devolvo a ordem… aos lençóis… enquanto o teu perfume… desaparece…
06 abril 2006
Sob um olhar atento do publico…
Sob um olhar atento do publico… que te aclama… representas a tua arte… limitada no tempo… pela beleza… que se esgotará. Reforças as frágeis estacas da fama… e da gloria… ficas atenta exclusivamente ao levantar do pano… para que possas entrar no palco… e representar… aguardas o final da actuação… para soar a habitual ovação que te consagra… que te alimenta. O tempo passa… não pára… não espera por ti… envelhece-te… torna-te frágil… e mais dependente… O teu publico já não te reconhece… agora na perfeição dos teus movimentos… ainda mais elegantes… sob um olhar desatento do publico… o pano cai… sais de cena… sem que ninguém… nem o teu publico… tenha notado…03 abril 2006
Mutação...

30 março 2006
Pessoas... como nós...
27 março 2006
Olhares...

Espaço...
26 março 2006
Sinopse...
25 março 2006
Abrigo...
Porto de abrigo,
24 março 2006
23 março 2006
19 março 2006
Para ti P.
13 março 2006
Acordei a pensar em ti...
28 fevereiro 2006
25 fevereiro 2006
Margem da Ausência...
"Tu és a alegria primordial, a liberdade absoluta, que eu não aguento longe de mim, noutros cenários, noutros convívios, dando a alguém que não eu a vida inteira o afecto que de ti transbordam. 23 fevereiro 2006
Anónimo...
19 fevereiro 2006
“Para tão longo amor, tão curta a vida…”
09 fevereiro 2006
Partida...

A tua partida,
Ensinou-me a chorar…
A tua partida,
A tua partida,










